Você viu algum
candidato a vereador ou prefeito passando no seu bairro? É claro que viu, pois,
em tempo de eleição, político é que nem formiga: dá em tudo quanto é canto. Ele
visitou a sua rua, carregou sua criança, lamentou os buracos do asfalto, jogou
futebol com seu filho, colocou na prefeitura atual a culpa sobre todos os
problemas do seu bairro e deixou claro que, com o seu apoio, ele vai poder
melhorar sua rua, seu bairro e a sua cidade. É certo que alguns deles farão
questão de entrar se você abrir a porta de sua casa para recebê-los. Mais certo
ainda é o fato de que os mesmos, depois de eleitos, não abrirão a porta da
prefeitura para atender você. Por isso, aproveite o privilégio de ver e falar
com os candidatos hoje, porque para conseguir se aproximar deles novamente, só
daqui a 4 anos.
De
inúmeras janelas pudemos ver candidatos desfilando em nossas ruas e prometendo
melhorias: “Eu, Fulano de Tal, conto com o seu voto para trazer melhorias para
a mobilidade urbana da nossa cidade” - Enquanto isso ele vai matando de raiva
os motoristas e os usuários do transporte coletivo ao engarrafar o bairro com
sua lenta carreata. “Eu, Ciclanilson Fulano, estou me candidatando a prefeito
para acabar com essa lixaria que esconde a beleza do seu bairro e a alto-estima
de sua população” – E logo atrás dele estão seus panfletários espalhando
santinhos pelo bairro todo.
Aí está
uma das coisas chatas das eleições: Santinho! É um desperdício do dinheiro de
campanha e deixa a cidade imunda. Será que os políticos estudam os efeitos do
santinho e a influência deles no voto de um eleitor? Eu acho que não, por isso
insistem nessa bobagem. Se papel ganhasse voto, o dono da Chamex era o
presidente do Brasil.
Hoje eu
peguei no sono quando estava em pé, dentro do ônibus (porque ir sentado é tirar
a sorte grande), mas logo acordei assustado com um carro de som que passou
tocando absurdamente alto a música de um candidato a prefeito.
Essa é outra
coisa chata da eleição aqui no Brasil: Jingle de campanha. Parece que a
categoria dos pagodeiros sem fone achou adversário a altura, e quem sofre com
essa altura são nossos tímpanos. Vá matar o diabo com tanto carro na rua
tocando essas musiquinhas. Agente tem que andar com protetor de ouvido pra
aguentar essa barulheira até o dia 7 e torcer pra não ter segundo turno. Essas
musiquinhas ajudam a memorizar o número e o nome do candidato, mas não nos
convence a votar nele. Se jingle ganhasse voto, Hilton era prefeito de
Salvador. - ♫ “Eu quero Hilton 50, na capital da resistência... Salvadoooor!” ♫ - Esse jingle fez tanto sucesso que muita gente usou como toque de chamada
do celular.
Recentemente eu descobri um lado positivo do trânsito de Salvador: Pude
olhar a cidade vagarosamente, podendo assim ver cada detalhe que, nem a pé, eu
poderia apreciar de forma tão lenta. Dessa forma eu pude perceber que, em
lugares muito populosos existe, ao menos, uma propaganda política por metro
quadrado, seja ela de qualquer forma. Só com pinturas de paredes, cavaletes,
placas, banners e santinhos, os candidatos parecem gastar muito mais do que o
que declaram. E o mais interessante é que são nos bairros mais carentes onde as
propagadas são mais intensas e as campanhas parecem mais fortes. Isso mostra
como os mais humildes são os mais enganados.
Eu sinto falta do tempo em que os políticos achavam que o povo era besta.
Agora que eles têm certeza, estão botando pra quebrar em cima da gente. Espero
que, dessa vez, o povo não vote em quem eles já sabem que não deu certo porque,
errar uma vez é humano, duas vezes é reeleição.
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